terça-feira, 3 de março de 2015

Soja vira "fábrica de proteína" contra o HIV

Seg, 23/02/2015 às 19:03

Soja vira "fábrica de proteína" contra o HIV

Agência EBC
  • Divulgação
    Sojas precisam ser modificadas geneticamente
Uma pesquisa realizada em parceria entre a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, sigla em inglês) e a Universidade de Londres conseguiu comprovar que sementes de soja geneticamente modificadas constituem, até o momento, a biofábrica mais eficiente e uma opção viável para a produção em larga escala da cianovirina - uma proteína extraída de algas - muito eficaz no combate ao vírus HIV. O resultado inédito é tema de artigo da edição de hoje (13/02) da revista norte-americana Science (número 6223 Vol. 347 página 733, seção Editors choice).
A pesquisa, que começou a ser desenvolvida em 2005, se baseia na introdução da cianovirina, uma proteína presente em algas que é capaz de impedir a multiplicação do vírus HIV no corpo humano, em sementes de soja geneticamente modificadas para produção em larga escala. O objetivo final é o desenvolvimento de um gel, capaz de eliminar o vírus, para que as mulheres apliquem na vagina antes do relacionamento sexual.
Segundo Elíbio Rech, coordenador dos estudos na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e um dos autores do artigo, foram realizados testes com outras biofábricas, como plantas de tabaco (N. tabacum e N. benthamiana), bactéria (E. coli) e levedura (S. cerevisiae). Entretanto, a única biofábrica que mostrou ser uma opção viável para a produção de cianovirina foi a semente de soja transgênica porque permite que a proteína seja largamente escalonada até a quantidade adequada. Aliado a esse fato está o benefício do baixo custo do investimento requerido na produção da matéria prima para extração da molécula.
Para se ter uma ideia do potencial da soja como fábrica biológica para produção da cianovirina, no resumo do artigo publicado na Science, os cientistas afirmam que "grosso modo, se a soja GM for plantada em uma estufa menor do que um campo de beisebol (97,54 metros) é possível fornecer cianovirina suficiente para proteger uma mulher 365 dias por ano durante 90 anos".
Fábricas biológicas para produção de medicamentos
Rech explica que os efeitos positivos da cianovirina contra o HIV  já estavam comprovados desde 2008 a partir de testes realizados com macacos pelo instituto norte-americano. A capacidade natural dessa proteína, extraída da alga azul-verde (Nostoc ellipsosporum), de se ligar a açúcares impedindo a multiplicação do vírus já é conhecida pela comunidade científica mundial há mais de 15 anos. "O que faltava era descobrir uma forma eficiente e econômica para produzir a proteína em larga escala", completa.
A utilização de plantas, animais e microrganismos geneticamente modificados para produção de medicamentos faz parte de uma plataforma tecnológica com a qual o pesquisador vem trabalhando desde a década de 1990. "As biofábricas ou fábricas biológicas são capazes de expressar moléculas de alto valor agregado com custos baixos e, por isso, são opções viáveis para produção de insumos, como medicamentos e fibras de interesse da indústria, entre outros", afirma. Além disso, valorizam ainda mais o agronegócio brasileiro, já que permitem a agregação de valor a produtos agropecuários, como plantas, animais e microrganismos.  Por isso, ele acredita que o cenário no Brasil daqui a dez anos será totalmente influenciado pela biogenética.
O faturamento da biotecnologia na indústria farmacêutica mundial cresceu muito nas últimas décadas e hoje alcança aproximadamente 10 bilhões de dólares por ano.  Os produtos biotecnológicos estão em franco desenvolvimento e hoje representam cerca de 10% dos novos produtos atualmente no mercado.
A expectativa da Embrapa ao investir em pesquisas com biofármacos, como explica Rech, é fazer com que esses medicamentos cheguem ao mercado farmacêutico com menor custo, já que são produzidos diretamente em plantas, bactérias ou no leite dos animais.  Existem evidências de que a utilização de biofábricas pode reduzir os custos de produção de proteínas recombinantes em até 50 vezes.
Ele explica que as plantas produzem proteínas geneticamente modificadas, idênticas às originais, com pouco investimento de capital, resultando em produtos seguros para o consumidor.  Além disso, representam um meio mais barato para a produção de medicamentos em larga escala, pois como não estão sujeitas à contaminação, evitam gastos com purificação de organismos que são potenciais causadores de doenças em humanos.  Sem falar na facilidade de estocagem e transporte.
Sementes geneticamente modificadas não serão plantadas no campo
Rech faz questão de ressaltar que as sementes geneticamente modificadas não serão plantadas no campo. Elas serão cultivadas em condições controladas de contenção dentro de casas de vegetação ou estufas.
O próximo passo é a produção de sementes de soja em larga escala para isolar a cianovirina e iniciar a fase de estudos pós-clínicos. Durante as próximas fases de desenvolvimento, os cientistas contarão também com a colaboração de cientistas do Conselho de Pesquisa Científica e Industrial da África do Sul (CSIR - sigla em inglês).
Países com altos índices de infestação por  HIV terão acesso livre à tecnologia
Além de inovadora, a pesquisa tem um forte componente humanitário. Países em desenvolvimento com altos índices de infestação do HIV, como alguns da África, por exemplo, terão licença de produção e uso interno, livre do pagamento de royalties. Aquele continente continua sendo o mais afetado pela doença, com 1,1 milhão de mortos em 2013, 1,5 milhão de novas infecções e 24,7 milhões de africanos contaminados. África do Sul e Nigéria encabeçam a lista dos países mais afetados.
Na América Latina, com 1,6 milhão de soropositivos em 2014 (60% deles, homens), o país mais preocupante é o Brasil, onde o índice de novos infectados pelo vírus subiu 11% entre 2005 e 2013, tendência contrária aos números globais, que apresentaram queda no mesmo período. Na Ásia, os países que apresentam maior contaminação são Índia e Indonésia, onde as infecções aumentaram 48% desde 2005.
A revista Science, publicada pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, sigla em inglês), é uma das mais prestigiadas de sua categoria, com tiragem semanal de 130 mil exemplares, além das consultas online, o que eleva o número estimado de leitores a um milhão em todo o mundo.

Brasil e ONU formam líderes para controle do HIV e Aids

Saúde

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Políticas públicas

Seleção do Ministério da Saúde vai priorizar jovens que tenham o perfil da parcela da população vítima de HIV e Aids
por Portal Brasil publicado: 25/02/2015 15h01 última modificação: 25/02/2015 15h01
O Ministério da Saúde está selecionando 50 jovens, entre 18 e 26 anos, para acompanhar e fiscalizar as políticas públicas de saúde na área de HIV e Aids.
O objetivo é formar uma turma para participar do Curso de Formação de Novas Lideranças das Populações-Chave Visando o Controle Social do Sistema Único de Saúde no âmbito do HIV e Aids que será realizado em  Brasília, entre os dias 7 e 11 de maio deste ano. As informações completas sobre a seleção podem ser obtidas no edital publicado pelo Ministério da Saúde.
Os interessados em participar da iniciativa poderão realizar suas inscrições no curso, por meio de formulário eletrônico, até o dia 8 de março. Serão priorizados jovens de populações-chave como pessoas que vivem com HIV e Aids, gays, travestis e transexuais, profissionais do sexo e pessoas que usam drogas.
O curso, que terá carga-horária de 36 horas, é realizado pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, em conjunto com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
“Acreditamos que temos que buscar novas formas de dialogar com o público jovem e esse curso faz parte dessa visão, assim como a recente Campanha de Prevenção às DST e Aids do Carnaval 2015 que investiu em aplicativos de relacionamento. É exatamente entre o público jovem, em especial na população gay, que os índices de infecção vem crescendo e precisamos encontrar maneiras de definir, acompanhar e fiscalizar a execução das políticas de saúde pelos próprios integrantes das populações-chaves”, avaliou o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita.
A razão para a escolha das populações-chave para a capacitação deve-se ao fato de que esses segmentos da população possuem comportamentos específicos que os colocam em maior risco de infecção pelo HIV e outras IST (infecções sexualmente transmissíveis). Em razão dessa vulnerabilidade, eles acabam tornando-se populações prioritárias para as políticas de prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV e outras IST, desenvolvidas pelo Ministério.
Cenário Aids
Desde os anos 80, foram notificados 757 mil casos de Aids no Brasil. A epidemia no País está estabilizada, com taxa de detecção em torno de 20,4 casos, a cada 100 mil habitantes. Isso representa cerca de 39 mil casos de Aids novos ao ano. O coeficiente de mortalidade por Aids caiu 13% nos últimos 10 anos, passando de 6,4 casos de mortes por 100 mil habitantes em 2003, para 5,7 casos em 2013. A faixa etária onde a epidemia mais cresceu nos últimos 10 anos foi em jovens de 15 a 24 anos de idade.
Fonte:
Portal da Saúde

Italianos descobrem onde HIV se esconde dentro da célula

Italianos descobrem onde HIV se esconde dentro da célula

Descoberta deve ter fortes repercussões no meio científico

Cientistas descobrem o local onde o vírus do HIV se esconde Thinkstock
Cientistas italianos conseguiram fotografar a estrutura do núcleo do linfócito e descobrir o local onde o vírus do HIV se esconde, se tornando "invisível", dentro da célula.
A pesquisa foi realizada pelo ICGEB (Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia) de Trieste, com a condução do professor Mauro Giacca.
A descoberta será publicada nesta segunda-feira (2) e deve ter fortes repercussões no desenvolvimento de novas drogas contra a AIDS.
Um dos maiores problemas da doença é que o vírus insere seu DNA dentro do material genético das células infectadas, tornando-se assim parte de sue código genético.
“Eu não tinha esperança de viver tanto tempo”, diz mulher que contraiu Aids do namorado há 27 anos
O motivo pelo qual o vírus escolhe apenas alguns do 20 mil genes humanos para se integrar e como se esconde dos remédios dentro deles, no entanto, permanecia um mistério até agora.