Carta Aberta ao Ministro da Saúde - Preservativos Femininos
Recife, 16 de setembro de 2013.
Senhor Ministro,
Neste 16 de setembro celebra-se o Dia Global do Preservativo Feminino. A
data, instituída em 2011, serve como catalisadora de ações educativas e
de incidência política pela promoção deste insumo, ainda distante da
realidade da maioria das mulheres em todo o mundo.
Disponível nacionalmente
na rede pública desde 2000, até hoje o preservativo feminino não conta
com uma estratégia estruturada de promoção e distribuição. Em 2012, após
o completo desabastecimento do insumo por dois anos, o Ministério da
Saúde anunciou a compra de 20 milhões de preservativos femininos.
No entanto, os antigos desafios permanecem. Continuamos a observar um
baixo investimento institucional, em todas as esferas de poder, na
divulgação e promoção dos preservativos femininos como estratégia de
prevenção de ISTs, da transmissão do HIV e da gravidez indesejada. Os
preservativos femininos estão virtualmente fora das campanhas educativas
e não é raro encontrar profissionais de saúde que se abstêm de seu
papel de promotores deste insumo, ou que continuam a restringir sua
distribuição a grupos específicos, como profissionais do sexo e mulheres
vivendo com HIV ou cujos parceiros sejam soropositivos.
É
preciso, urgentemente, superar os obstáculos ao acesso, garantindo o
abastecimento permanente e suficiente do insumo, a interiorização de sua
distribuição ao longo do estado, a realização campanhas de divulgação
de suas vantagens e uso correto e a atualização continuada e permanente
dos e das profissionais de saúde para que ofereçam e orientem com
naturalidade, sem julgamentos e sem cientificismos, sobre o uso correto
do preservativo feminino.
Os preservativos femininos são
poderosos aliados para a prevenção e o prazer. Eles dão autonomia,
empoderam e protegem as mulheres. Não podemos mais aceitar que se
justifique o baixo investimento institucional na promoção e acesso dos
preservativos femininos através de uma suposta baixa procura das
mulheres por eles nos serviços de saúde. É o inverso: as mulheres
precisam saber de sua existência e vantagens para que possam acessá-los.
Assegurar o acesso aos preservativos femininos é respeitar e cumprir
com os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.
As décadas
de promoção massiva dos preservativos masculinos trouxe resultados
imensuráveis para a saúde de toda a população. O mesmo, com planejamento
e compromisso, pode ser atingido em relação aos preservativos
femininos, e é isto o que esperamos ver acontecer em nosso pais.
Cordialmente,
Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero
Este Blog está sendo direcionado as mulheres vivendo e convivendo com HIV e Aids, pesquisadores, estudantes, familiares, amigos e parceiros,......
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Que tem aids não pode esperar
Que tem aids não pode esperar
George Gouvea é psicanalista e
vice-presidente Grupo Pela Vidda-RJ
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Por George
Gouve
Houve uma época que a frase mais contundente usada pelo movimento de aids era “quem tem aids tem pressa”. Parece que hoje testemunhamos, melancolicamente, que a pressa virou um item de menor categoria, esquecida e abandonada. A solidariedade, que alicerçava todas as ações do movimento hoje parece desidratada e sem viço. Há poucos dias alguns se indignaram contra o edital do concurso da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro. A petição eletrônica no site da AVAAZ recebeu pouco mais de 300 adesões, mesmo com toda a divulgação em nossas listas de e-mails. Os espaços de discussões são importantes, por motivos óbvios, mas a sopa de letras que se transformaram estes espaços não tem surtido o efeito desejado. Continuamos vivendo as agruras de uma epidemia descontrolada, com 12.000 mortes e 40.000 novas infecções anualmente. O governo censura as campanhas de prevenção, asfixia financeiramente as organizações com exigências impossíveis de atender, enquanto testemunhamos a orgia do uso dos recursos públicos nos jornais cotidianamente. Faltam médicos, leitos, remédios para doenças oportunistas e efeitos colaterais; referência e contrarreferência são piadas de mau gosto. Consultas de 15 minutos e marcadas com meses de distância, exames que demoram mais que o triplo do tempo de um laboratório privado. Ameaça da descentralização do atendimento aos soropositivos, deslocados para a atenção básica sem uma profunda discussão. Enfim, a desconstrução de tudo que foi erguido com muita luta, sacrifícios, ativismo e vidas perdidas. Sobre o movimento inerte e acuado, o Departamento de Aids (Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde) adota uma política biológica no enfrentamento da epidemia, desconsiderando os aspectos sociais da mesma. Antirretrovirais mais modernos, testagem e cobertura de tratamento estendida para os soropositivos com 500 de CD4 são, inegavelmente, medidas importantíssimas, mas que sozinhas não bastam para enfrentar a epidemia. Um quadro pintado com as faces de quem sofre retrata de maneira triste a realidade da epidemia de aids neste País, que exige de todos os atores uma retomada da indignação, pois quem tem aids não pode esperar! George Gouvea é psicanalista e vice-presidente Grupo Pela Vidda (Valorização, Integração e Dignidade do Doente de Aids) do Rio de Janeiro
http://www.agenciaaids.com.br/artigos/interna.php?id=428
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quarta-feira, 11 de setembro de 2013
Reprodução assistida em brasileiras têm sucesso em 73% dos casos
Edição do dia 10/09/2013
10/09/2013 10h05
- Atualizado em
10/09/2013 10h05
Reprodução assistida em brasileiras têm sucesso em 73% dos casos
Relatório da Anvis mostrou também que, no Brasil, taxa que mede a capacidade de embrião evoluir chega a 93%, maior do que a internacional.
EDNEY SILVESTRE
Rio de Janeiro, RJ
Ter filhos parecia impossível para Luciana. A causa: endometriose, uma obstrução na trompa. O impossível foi vencido pela ciência: há quatro anos nasceram seus gêmeos Giovana e Bernardo.
“Depois de ter filhos, a gente não consegue imaginar como seria sem eles”, diz Luciana da Costa.
Os meninos são resultado de reprodução assistida, uma técnica em que a medicina brasileira tem sucesso em 73% dos casos, segundo a Anvisa. Essa esperança no bom resultado anima a médica Andrea Barbosa. “Eu gostaria de ter dois, mas com um eu já fico bem feliz”, declara Andrea Barbosa, médica.
As chances de Andrea são boas: no Brasil, a taxa que mede a capacidade de o embrião evoluir, chega a 93%, maior do que a internacional, que é de 80%.
Um especialista em fertilização explica porquê. “Isso é resultado de um esforço, de educação continuada, de frequencia em congressos internacionais, pesquisa e muita vezes colaboração com médicos de fora e universidades de fora”, diz Marcio Coslovsky, ginecologista.
Cinco milhões de crianças nasceram, no mundo, por reprodução assistida, aquilo que durante muito tempo foi chamado de inseminação artificial. No Brasil, 300 mil crianças nasceram por esse método. Mas quem quer ser mãe e depende do serviço público de saúde, enfrenta dificuldades.
Enquanto mais de 90 clínicas particulares tratam da reprodução assistida, as clínicas que fazem procedimento pelo SUS são apenas nove. Uma delas, em Natal. A maternidade pertence à Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Oitocentos casais estão cadastrados. Os primeiros procedimentos devem começar até o final deste mês.
Por enquanto, o sonho de engravidar ainda está distante para muitas famílias. O processo custa de R$ 10 a R$ 12 mil. Os remédios, na maioria importados, podem significar mais R$ 5 mil.
O Ministério da Saúde informou que desde 2005 executa a Política Nacional de Atenção Integral à Reprodução Humana, e que no fim do ano passado, destinou R$ 10 milhões para a reprodução assistida em hospitais conveniados ao SUS.
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