quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

convite especial a todas as mulheres

promotores de direitos no contexto de HIV e Aids

www.mangaratiba.rj.gov.br/noticias/agentes-de-saude-capacitados.html

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Como conter a juvenização da AIDS?







* Por Diego Callisto - Juiz de Fora/MG

24/02/2015 - Entra ano, sai ano, e cada vez mais temos um cenário complexo e desafiador em relação ao enfrentamento da epidemia de aids no Brasil. E é pensando nisso que jovens brasileiros vivendo com HIV tentam se organizar de forma coletiva  para desenvolver estratégias de informação sobre  prevenção do HIV e outras DSTs, ou seja, queremos destacar a importância da prática do sexo seguro.
A Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids (RNAJVHA) acredita na importância do diálogo de pares e da prevenção positiva como forma de reforçar não só o uso da camisinha, mas também de informar sobre a profilaxia pós-exposição (PEP), além de informar sobre educação sexual com o intuito de garantir que adolescentes e jovens não banalizem a infecção pelo HIV.
Hoje, por mais que tenhamos, por parte do governo, campanhas voltadas para a TV, sabemos que elas ainda não atingem os jovens e contemplam nossas necessidades. Temos estratégias mais propositivas que o governo nunca usou, como, por exemplo, falar sobre a importância do sexo seguro e trabalhar a conscientização através de parcerias com aplicativos voltados para o público gay masculino, mas é preciso avançar ainda mais e seguir estruturando parcerias e ações estratégicas e eficazes, explorando amplamente as tecnologias de informação e comunicação.
Nos últimos 10 anos, o número de jovens portadores de HIV cresceu em 32%.  Na população de 15 a 24 anos a incidência tem aumentado, passando de 9,6 casos por 100 mil habitantes em 2004, para 12,7 casos por 100 mil habitantes em 2013. Ao todo, 4.414 novos casos foram detectados em jovens em 2013, enquanto em 2004 foram 3.453.
O cenário é no mínimo preocupante, precisamos fortalecer e estimular o protagonismo juvenil, dar voz e vez a juventude e permitir que ela esteja inserida em espaços estratégicos de tomada de decisão. Fica aqui o meu questionamento: como ser protagonista nessa luta quando estamos, dia após dia, perdendo os nossos jovens?  Mesmo depois de 30 anos de luta contra a aids, os jovens continua morrendo.
Poderia citar inúmeros jovens que encabeçaram essa luta da juventude contra a aids e que hoje já não estão mais entre nós, mas gostaria de falar especialmente sobre a jovens Marina Ferreira, uma grande mulhe  que nos deixou há 1 ano.
Marina era jovem, ativista, universitária e se dedicou incansavelmente para essa luta da juventude contra a aids. Contraiu o HIV via transmissão vertical (mãe para filho). Já adulta passou a fazer parte da RNAJVHA e logo se tornou representante regional sul da rede, tendo como atribuição contatar, mobilizar, mapear, acolher, apoiar e capacitar adolescentes e jovens da região sul vivendo com HIV para somar essa luta e fortalecer a resposta da epidemia de aids não só na Região Sul, mas em todo o Brasil.
Em fevereiro de 2014 Marina nos deixou, junto com a partida dela foi-se também um pouco da alegria e brilho do movimento juvenil na Região Sul. Ela não deixou bons exemplos e boas práticas de como trabalhar e tecer redes, nos ensinou que custe o que custar e haja o que houver, devemos lutar sempre sem esmorecer e sermos otimistas e resilientes perante as adversidades da vida, encarando tudo com coragem e esperança de que dias melhores virão.
Enquanto puder e tiver consciente, não deixarei que os meus pares, jovens vivendo com HIV, sejam perdidos de vista, principalmente aqueles que dedicaram suas vidas nessa luta e já não se encontram mais no campo de batalha. Marina ensinou que cada um a seu modo pode fazer a diferença. Com seu jeito tímido e introspectivo, ela conseguiu deixar seu legado e sua marca para a juventude de uma região do nosso Brasil. Ser jovem, mulher e líder, tudo isso ela foi.
Lembro-me de uma citação muito particular, de um dos livros de Harry Potter, saga da qual ela e inúmeras pessoas, sobretudo adolescentes e jovens, são fãs no mundo todo: "O que tiver de vir, virá, e apenas teremos de lidar com isso quando vier.! - J. K Rowling". Essa citação me marcou muito, porque em um de nossos últimos momentos, ela me disse que a morte era uma das poucas certezas da vida e que, enquanto ela não chegar, que era importante viver a vida e distribuir sorrisos. Até no fim ela esteve sorrindo e acreditando que dias melhores viriam. Não vieram. Ela partiu e mais uma estrela jovem acendeu no céu, iluminando nosso campo de batalha na luta contra aids.
Jovens, de todas as raças, de todas as regiões do país, de sorologia positiva ou não para o HIV, juntem-se, mexam-se, se agrupem, se fortaleçam, não podemos mais perder a nossa juventude, seja para o HIV ou para qualquer outra coisa. Que tenhamos em pessoas como a Marina exemplo para seguir adiante, combater toda e qualquer forma de discriminação e fortalecer o protagonismo juvenil nesse país.
Somente com união, determinação, amor e solidariedade vamos reverter esse cenário e fazer desse mundo um mundo melhor, com zero discriminação e com jovens conscientes, informados, capacitados e protagonistas de suas próprias vidas.

* Diego Callisto é integrante da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids, do Fórum Consultivo de Juventude do Unaids e do Pacto Global para o Pós-2015.

Prevenção em Aids no Brasil: depois do terror, a trapaça

Prevenção em aids no Brasil: depois do terror, a trapaça

Mário Scheffer*

A recente criação de perfis falsos em aplicativos de encontros sexuais, em campanha de prevenção à aids patrocinada pelo Ministério da Saúde, deve ser motivo de reflexão.
Não se sabe se foram muitos os usuários de smartphones “caçados” pelo perfil mentiroso que se identificava como alguém em busca de sexo sem proteção para, em seguida, revelar que o “caçador” era o Ministério da Saúde advertindo que “é difícil saber quem tem HIV” e convocando para a prevenção.

A suposta inovação, de promover o preservativo em plataforma de paquera digital dedicada aos mais jovens, é na verdade uma iniciativa antiquada, ao valer-se de tática sub-reptícia, de buscar, de maneira desleal e obtida por embuste, a adesão do jovem à camisinha. Certamente, mais irritou do que convenceu.

A curta duração e a baixa cobertura das campanhas de prevenção em aids do Ministério da Saúde reduzem os danos potenciais (no mínimo, há desperdício de recursos públicos) que peças equivocadas como essa podem provocar, mas não escondem a política errática de comunicação em saúde da atual gestão do programa nacional de aids.

Não foi uma boa ideia usar a trapaça na prevenção. Soou como uma versão “moderninha” do terror levado a campanhas de vinte anos atrás, sob o governo Collor, quando o Ministério da Saúde igualou a aids à morte, o que afastou os sujeitos do cuidado e levou à discriminação ainda maior das pessoas que viviam com HIV. A emboscada dos perfis falsos nada mais é do que a volta, com outra roupagem, do terror na prevenção.

A reemergência da epidemia da aids no Brasil (Grangeiro, Castanheira, Nemes) e a vergonhosa omissão, anos a fio, dos programas governamentais em relação à concentração da infecção pelo HIV entre jovens gays e outras populações requerem medidas sérias, abrangentes, sustentadas e baseadas nas mais atuais evidências científicas.

Pesquisadores, gente da academia e da sociedade civil, defendem a convocação pelo Ministério da Saúde de grupo de especialistas para a elaboração de um Consenso Nacional de Prevenção em HIV e Aids.

Um consenso com diretrizes que assumam a prevenção adaptada a diferentes pessoas e a diferentes populações, que assumam a prevenção combinada, conjugando o uso facilitado de preservativo e gel lubrificante, com o tratamento universal, a profilaxia pré e pós exposição ao HIV, a ampliação da oferta do teste rápido para os mais vulneráveis, mas também campanhas e ações baseadas em estudos comportamentais e em modelos já validados pela comunidade científica.

Um consenso guiado pela franca noção de que fracassou a prevenção baseada apenas no mantra “use camisinha” em todas as relações sexuais durante a vida toda, assim como fracassará o comando único “faça o teste, inicie o tratamento”.

O que se espera são diretrizes fundadas na garantia da livre escolha sobre as opções disponíveis de prevenção, que permita que as pessoas conheçam aquilo a que têm direito, tomem suas próprias decisões e, depois, tenham acesso assegurado a todas as oportunidades de proteção.

Um consenso de prevenção em aids seria uma importante ferramenta de gestão do Ministério da Saúde e, se descentralizado, poderia contribuir com a redução do número de infecções e mortes hoje em patamares inaceitáveis.

Surdo a críticas e sugestões, o programa nacional de aids tem preferido iniciativas pontuais improvisadas, que visam provocar polêmica ou lançar cortina de fumaça diante da ausência de uma política clara de saúde coletiva, construída, como no passado, em conjunto _ por técnicos, cientistas, gestores e ativistas.

A constatação de pesquisa divulgada em 2015 pelo Ministério da Saúde, que pelo menos 45% da população sexualmente ativa do país não usou preservativo nas relações sexuais casuais nos últimos 12 meses, deveria mobilizar esforços extraordinários para atualização da política nacional que inclua de forma articulada todas as tecnologias e novos conhecimentos sobre prevenção. Dar “puxão de orelha”, por meio de perfis falsos em aplicativos, em pessoas que não se importam em fazer sexo sem camisinha, é passar longe da realidade da epidemia no país.

Até mesmo na propaganda comercial, o truque conhecido como “publicidade de choque” gera controvérsias éticas. Na saúde, as publicidades de choque e baseadas na desconfiança ou ameaça, como a dos perfis falsos, são um desastre. Os mesmos terrorismo e medo (e sua versão atual, a trapaça) das campanhas antigas de aids já foram usados para condenar o consumo de drogas, o que também afastava o usuário e o dependente químico das mensagens.

No Brasil, a comunicação em aids tem histórico de diálogo difícil com a publicidade e o marketing. Agências de publicidade mercadológica são licitadas para divulgar a agenda positiva do Ministério da Saúde, promover o ministro de plantão, turbinar programas e realizações, mas nada entendem de promoção da saúde.

A situação piorou desde a centralização e censura prévia das campanhas de aids no gabinete do Ministro da Saúde, após acerto com setores conservadores, e foi agravada com o desmonte de corpo técnico qualificado em comunicação e prevenção que atuava junto ao programa de aids.

O debate pouco tem a ver com o falso dilema do direito individual versus direito da coletividade, como fez divulgar o programa nacional de aids, ao defender o uso dos perfis falsos em aplicativos.

Trabalhos científicos já demonstraram que ações prescritivas e pouco transparentes de comunicação em saúde, por serem inócuas, devem dar lugar a programas que valorizam as culturas, as escolhas pessoais, as relações sociais e a participação ativa daqueles diretamente afetados pelos problemas de saúde.

Mensagens de prevenção tendem a ser mais efetivas não quando enganam e constrangem em prol do coletivo, mas quando chegam perto das pessoas e utilizam mensagens baseadas na confiança mútua.

Na França, o Instituto Nacional de Prevenção e Educação para a Saúde – INPES, elaborou diretrizes baseadas no fato de que comunicar sobre saúde é comunicar sobre um forte valor no plano social e, por isso, governos não podem ser intrusivos, normativos, não podem ir contra as liberdades individuais, nem devem impor visão de mundo ou modo de vida. Dentre os princípios éticos das campanhas de prevenção, o INPES destaca que é preciso respeitar as escolhas de cada um, não estigmatizar comportamentos individuais de risco, não marginalizar, não culpabilizar, não impor uma norma social caracterizando bom e mal comportamento.

Além disso, uma campanha de saúde não deve informar ou alertar sobre riscos sem propor todas as soluções possíveis. Deve, sim, incitar a reflexão do destinatário da mensagem, que lhe seja própria e respeite sua autonomia, suas crenças e sua responsabilidade. Deve levar em conta as desigualdades de acesso à informação e a diversidade de códigos culturais. E precisa, por óbvio, sustentar e acompanhar a possível decisão de mudança, dar meios de o sujeito agir e de colocar os conselhos em prática.

Uma campanha de prevenção em aids dificilmente se sustenta com um “estalo genial” de publicitário, assessoria de imprensa e lançamento em escola de samba. É trabalho árduo de promoção, planejamento e avaliação em saúde. Segundo o Centro para Programas de Comunicação da Johns Hopkins um projeto de comunicação em saúde deve seguir seis passos: 1) investigação e análise, 2) desenho estratégico, 3) desenvolvimento, produção e revisão de instrumentos e métodos de comunicação, 4) gestão, implementação e monitoramento, 5) avaliação de impacto, 6) planejamento para a continuidade.

Nada disso é feito nas campanhas relâmpago e sazonais de aids do Ministério da Saúde.

A Unidade de Promoção da Saúde da Universidade de Toronto, Canadá, demonstrou que as estratégias de comunicação em saúde avaliadas como mais eficazes trazem uma combinação simultânea de campanhas de mídia, comunicação interpessoal e envolvimento das comunidades e lideranças.

Modelos de comunicação em saúde foram experimentados com sucesso em países das América Latina. Por exemplo, o modelo de “difusão de inovações”, que utiliza agentes sociais como geradores de mudanças, foca na influência interpessoal nas decisões individuais e na criação de redes de comunicação; ou o modelo de “comunicação para a mudança social” , que prevê o diálogo e a participação da comunidade em todos os processos da comunicação em saúde. (Mosquera)

É relativo e limitado o sucesso de campanhas e técnicas de comunicação focadas na persuasão para a mudança de comportamentos (Petty et al). Algumas campanhas de saúde servem para mudar conhecimentos, para sensibilizar, mas nem sempre são suficientes para mudar comportamentos conducentes à prevenção em saúde.
Num estudo clássico de prevenção do tabagismo (Peterson et al), a probabilidade de fumar aos 17 anos não foi menor entre aqueles submetidos a 65 peças de sensibilização entre 8 e 17 anos, se comparados com aqueles que não passaram pelas mesmas mensagens.

Outro estudo (Albarracin et al) analisou mais de 350 campanhas de prevenção em aids em oito anos. Concluiu que as campanhas são eficazes para mudar o conhecimento mas não são suficientes para mudar imediatamente o comportamento.

A comunicação em aids, enquanto instrumento de prevenção, precisa, portanto, beber em outras fontes.

Isso vem sendo dito há muito tempo por autores como Vera Paiva, alertando que a memorização e a compreensão de argumentos de uma campanha não determinam a intenção de se comportar, e que é preciso incorporar na prevenção os conhecimentos dos campos da análise cultural e da pesquisa psicossocial; e por José Ricardo Ayres, apontando que os comportamentos associados à maior vulnerabilidade não são decorrência imediata da vontade pessoal. A meta das ações de comunicação em saúde, que é tocar indivíduos e comunidades, não pode menosprezar o poder dos grupos sociais e as condições nas quais os comportamentos acontecem. E dificilmente, lembra Ayres, alguém irá assumir comportamentos protetores e solidários sem que se torne primeiro sujeito de sua própria saúde.

Campanhas e ações de prevenção dirigidas aos mais vulneráveis devem incluí-los em todo o processo de comunicação e são especialmente sensíveis: jamais podem estigmatizar e discriminar. Focalizar sem discriminar, eis um grande desafio da comunicação contra a aids. É abdicar da equidade em saúde deixar de executar uma política de prevenção adequada à nossa epidemia concentrada. É violação de direitos deixar de envolver determinadas populações e grupos, informando primeiro que eles são mais atingidos pela aids, e construindo, com eles, alternativas e possibilidades.

Parece que o programa nacional de aids voltou às trevas no entendimento de que a comunicação é apenas a ação de transmitir informações e ideias de um polo emissor para um polo receptor. Nessa perspectiva, bastaria se preocupar com a utilização da linguagem (gírias da juventude, #partiuteste, por exemplo) e dos veículos (aplicativos de encontros, redes sociais etc ), que o sucesso é garantido.

Desconsideram-se as desigualdades, as vulnerabilidades pessoais e sociais, as diferentes realidades, desejos e interesses e, por isso, tendem a simplificar e transformar quaisquer discordância, resistência ou dificuldade em falta de informação ou em ruído de comunicação (Araújo e Cardoso).

A comunicação ocupa um lugar central nas nossas vidas. Vivemos em plena “sociedade da comunicação” (Miège), na “era da informação” (Castells ). Por isso, a comunicação é um dos principais ingredientes da organização social.

Entendida em um sentido amplo como “interação social através de mensagens”(Gerbner), a comunicação deve compor a natureza democrática da nossa sociedade, em que os processos de decisão possam ser baseados na troca comunicativa entre os participantes.

Enfim, a comunicação não pode ser moralista, covarde ou autoritária, mas sim deve permitir que as pessoas participem democraticamente das decisões que afetam a saúde e as suas vidas.

Mário Scheffer é professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP

Referências:

Health Communication Unit (THCU). University of Toronto. www.thcu.ca

Institut National de Prévention et d’Éducation pour la Santé. www.inpes.sante.fr


Johns Hopkins. Center for Communication Programs. http://ccp.jhu.edu/

GRANGEIRO, Alexandre; CASTANHEIRA, Elen Rose; NEMES, Maria Inês Battistella. A re-emergência da epidemia de aids no Brasil: desafios e perspectivas para o seu enfrentamento. Interface (Botucatu), Botucatu , v. 19, n. 52, Feb. 2015

MOSQUERA, Mario. Comunicación en salud: conceptos, teorías y experiencias. Comminit, La iniciativa de la comunicación, 2002.
PETTY, Richard E.; BAKER, Sara M.; GLEICHER, Faith. Attitudes and drug abuse prevention: Implications of the elaboration likelihood model of persuasion. Persuasive communication and drug abuse prevention, p. 71-90, 1991.
PETERSON, Arthur V. et al. Hutchinson Smoking Prevention Project: long-term randomized trial in school-based tobacco use prevention—results on smoking. Journal of the National Cancer Institute, v. 92, n. 24, p. 1979-1991, 2000.
ALBARRACÍN, Dolores; DURANTINI, Marta R.; EARL, Allison. Empirical and theoretical conclusions of an analysis of outcomes of HIV-prevention interventions. Current Directions in Psychological Science, v. 15, n. 2, p. 73-78, 2006.
PAIVA, Vera. Sem mágicas soluções: a prevenção e o cuidado em HIV/AIDS e o processo de emancipação psicossocial. Interface, v. 6, n. 11, p. 25-38, 2002.
AYRES, J. R. C. M. Práticas educativas e prevenção de HIV/Aids: lições aprendidas e desafios atuais. Interface (Botucatu), v. 6, n. 11, p. 11-24, 2002.
DE ARAÚJO, Inesita Soares; CARDOSO, Janine Miranda. Comunicação e saúde. SciELO-Editora FIOCRUZ, 2007.
GERBNER, George. Os meios de comunicação de massa e a teoria da comunicação humana. São Paulo: Cultrix, 1967.
MIÈGE, Bernard. A sociedade tecida pela comunicação: técnicas da informação e da comunicação entre inovação e enraizamento social. Paulus, 2009.

Grupo de Trabalho sobre a Feminização de DSTs/AIDS e Hepatites Virais

Dispõe sobre a Criação de Grupo de Trabalho sobre a Feminização de DSTs/AIDS e Hepatites Virais



Os SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES, DE SAÚDE E DE EDUCAÇÃO, no uso das atribuições que lhes são conferidas pela legislação em vigor e,


CONSIDERANDO que a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM-Rio) estabelece, na perspectiva de transversalidade, parcerias com as diversas Secretarias Municipais, dentre elas a Secretaria de Saúde Municipal de Saúde (SMS), apoiando os programas de saúde e contribuindo na formulação de politicas públicas;

CONSIDERANDO que a violência doméstica e sexual contra mulheres e meninas, bem como a discriminação e o preconceito relacionados à lesbianidade, bissexualidade feminina e transexualidade são agravantes na desigualdade entre homens e mulheres;

CONSIDERANDO que as desigualdades de gênero, em interação com a pobreza, o racismo, a violência, o estigma e, também, a discriminação relacionada à orientação sexual e identidade de gênero, à vida com HIV e à pessoa com deficiência, estilo de vida e à prostituição incrementam as vulnerabilidades das mulheres adolescentes, jovens, adultas e idosas às DST/HIV/AIDS;

CONSIDERANDO que o enfrentamento à feminização da epidemia de AIDS e outras DSTs implica no desenvolvimento de ações integradas, envolvendo as três esferas de gestão, instituições não governamentais e movimentos sociais; e

CONSIDERANDO a necessidade do enfrentamento da epidemia de AIDS e outras DSTs por meio de ações intersetoriais com capacidade para acelerar o acesso aos insumos de prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento das doenças sexualmente transmissíveis e da Aids, para mulheres da cidade do Rio de Janeiro.


RESOLVEM:

Art. 1º Fica instituído o Grupo de Trabalho sobre a Feminização de DSTs/AIDS e Hepatites Virais com os seguintes objetivos:

I - Enfrentar a feminização da epidemia de AIDS e outras DSTs por meio da redução das vulnerabilidades que atingem as mulheres, estabelecendo políticas de prevenção, promoção e atenção integral;

II – Promover, através de ações integradas, envolvendo instituições governamentais, não governamentais e movimentos sociais, nas esferas federal, estadual e municipal com vistas à promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva, com capacidade para acelerar o acesso aos insumos de prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento das doenças sexualmente transmissíveis e da Aids;

III - Promover o acesso universal à atenção integral em DST/AIDS para as mulheres;

IV - Reduzir a morbidade das mulheres relacionadas às DSTs;

V - Reduzir os índices de violência sexual e doméstica contra as mulheres;

VI - Reduzir a Transmissão Vertical do HIV e da sífilis, HTLV, HCV e as outras co-infecções existentes: Tuberculose e outras;

VII - Promover a qualidade de vida das mulheres vivendo com HIV/AIDS, no âmbito dos direitos humanos, direitos sexuais e direitos reprodutivos.

           
Art. 2º Levando-se em conta a abrangência da temática sobre a feminização das DSTs, o Grupo de Trabalho será integrado por 02 (dois) representantes de cada um dos órgãos municipais e organizações da sociedade civil abaixo relacionados, sendo 01 (um) representante titular e 01 (um) suplente, sob a coordenação do primeiro:

I - Secretaria Especial de Politicas para Mulheres (SPM-Rio);

II - Secretaria Municipal de Saúde (SMS);

III – Secretaria Municipal de Educação (SME);


V – Gerência DST- AIDS( SMS )

VI-  Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde – SUBPAV ( SMS )

VII – Superintendência de Vigilância e Saúde ( SVS – SMS )

VIII – Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV\AIDs  ( representantes Municipal)
           
IX  -   Grupo pela VIDDA/RJ;

X-    Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP/RJ);

XI   - Fórum de ONG/Aids do Rio de Janeiro;

XII   - Grupo Arco - Iris de Cidadania LGBT

Art. 3º Os órgãos e entidades acima arrolados têm 30 (trinta) dias para indicar os representantes a fim de formar o Grupo de Trabalho.

Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.


ANA MARIA SANTOS ROCHA
Secretária de Políticas para as Mulheres

CARTA DE PRINCÍPIOS DO MOVIMENTO NACIONAL DE CIDADÃS POSITHIVAS

CARTA DE PRINCÍPIOS DO MOVIMENTO NACIONAL DE CIDADÃS POSITHIVAS
 
 
            • Área de Abrangência/Data de criação do MOVIMENTO NACIONAL DE CIDADÃS POSITHIVAS que doravante será denominado também com as siglas MNCP ou por Cidadãs PositHIVas.
 
Este movimento abrange todo o território nacional e Internacional desde que cadastrada num núcleo Brasileiro, buscando a mobilização e integração de todas as MULHERES vivendo com HIV/AIDS Têm-se como data de criação do MNCP o dia 06/08/2004, ocasião em que foi firmada a Ata de Criação, em reunião realizada em Brasília/DF, na presença de lideranças nacionais.
           
• Objetivos e Princípios
O MNCP é uma organização brasileira de  MULHERES vivendo com HIV/AIDS criada para promover o fortalecimento das mulheres sorologicamente positivas para o HIV, em qualquer estágio, independente de credo, orientação sexual, raça ou cor, ou orientação político-partidária e identidade de gênero  em nível municipal, estadual, regional e nacional e internacional.
           
          • Princípios Filosóficos
O MNCP tem por princípio a busca do fortalecimento das mulheres vivendo com HIV, através do estabelecimento de estratégias de atuação que as levem à aceitação da sua condição sorológica para o HIV, a partir daí, retomem seu espaço social e exerçam plenamente a sua cidadania, combatendo o isolamento e a inércia, promovendo a troca de informações e experiências e melhorando sua qualidade de vida. É, ainda, princípio deste Movimento, o trabalho de prevenção à infecção pelo HIV das mulheres não-infectadas deste País, buscando o controle da epidemia no Brasil.
 
            • Estratégias de atuação
            1. Trocar experiências pessoais, informações, habilidade e recursos essenciais para estabelecer, manter e melhorar a qualidade de vida das mulheres vivendo com HIV/AIDS;
            2. Reforçar a auto-estima de forma que possibilite às mulheres vivendo com HIV/AIDS: conter o medo, a ignorância, a discriminação e os preconceitos que elas enfrentam em suas vidas:
            3. Fortalecer às mulheres infectadas pelo HIV para que elas participem ativamente no processo de combate ao desrespeito aos seus direitos sexuais e reprodutivos, bem como os de cidadania, inclusive no tocante aos direitos de seus filhos e da guarda destes, até os 14 anos, quando poderão optar pelo Movimento de Jovens, com fala própria.
            4. Estimular, por todos os meios, a formação de grupos de Cidadãs PositHIVas em todo o território nacional e internacional, objetivando compartilhar experiências, idéias e projetos de integração de soropositivos para o HIV.
            5. Capacitar a mulher vivendo com HIV/Aids para que possa crescer em conhecimentos de toda ordem, buscando a manutenção do seu espaço social e laboral, através da educação continuada.
            6. Capacitar as “Cidadãs PositHIVas”, através de oficinas, para que possam atuar junto à sua comunidade como agentes de prevenção à infecção pelo HIV;
            7. Criar oportunidade para que as vozes das “Cidadãs PositHIVas” possam ser ouvidas em todos os níveis de gestão (municipal, estadual, nacional e internacional), buscando estabelecer o respeito à dignidade da mulher infectada pelo HIV, bem como a visibilidade desta como tal;
            8. Reivindicar, junto aos órgãos gestores de saúde pública, em todas as instâncias, assentos específicos para as mulheres vivendo com HIV/Aids, representadas pelas “Cidadãs PositHIVas”, nos grupos de trabalho, comitês, comissões, e outros órgãos que tenham decisões paritárias.
            9. Denunciar por todos os meios possíveis, as ações governamentais, individuais, religiosas, empresariais, etc, que desrespeitem os direitos humanos das pessoas vivendo com HIV/AIDS.
            10. Prioridades: As prioridades do MNCP são: a implantação de núcleos “Cidadãs PositHIVas” em todos os Estados e Distrito Federal do Território Nacional e Internacional, adequadamente treinados e aparelhados para a manutenção da cidadania da mulher infectada pelo HIV, bem como de seus filhos.
            11. Treinamentos: Os treinamentos dos Núcleos de Cidadãs PositHIVas deverão sempre seguir o que consta desta Carta de Princípios e os demais temas a serem abordados deverão ser discutidos com a Representação Estadual e aprovados por esta, com vistas a evitar o desvirtuamento dos princípios de criação deste Movimento.
            12. Apoio Local, Regional, Nacional e Internacional: O MNCP poderá apoiar as iniciativas e resoluções tomadas pelos movimentos de pessoas vivendo com HIV/AIDS em nível municipal, regional, nacional e internacional, desde que este apoio seja consenso dentre as “Cidadãs PositHIVas” locais e as resoluções apoiadas não afrontem os termos desta Carta de Princípios.
            13. Associação/Confiabilidade: Qualquer mulher sorologicamente positiva para o HIV, pode fazer parte do MNCP desde que não fira os princípios do movimento.
O MNCP deverá ter um Encontro Nacional, a cada dois anos, ocasião em que será eleito e definido o local e a Comissão Organizadora do Encontro Nacional subseqüente.
Os Estados deverão ter seus Encontros, também a cada dois anos, intercalados com o Nacional. As Representações Estaduais serão eleitas durante os seus respectivos encontros e referendadas no Encontro Nacional.
A confidencialidade quanto ao status sorológico dos membros do MNCP fica desde já pactuada entre as participantes deste movimento, a menos que autorizada por escrito, pela parte interessada, a quebra de sigilo quanto à sua soro positividade para o HIV.
            14. Criação de Grupos e nome “Cidadã PositHIVa”: Qualquer grupo de mulheres vivendo com HIV/Aids que queira integrar o MNCP e queira adotar o nome de “Cidadã PositHIVa”, deverá ter a chancela/autorização (escrita) da Representante Estadual local e, em caso de não haver Representante Estadual ou Regional, enviará o pedido buscando a autorização do próprio Movimento. Este procedimento é importante, com vistas a evitar criação de grupos com o nome “Cidadã PositHIVa” que não atuem dentro da nossa Carta de Princípios.
            15. O logo do MNCP deverá ser aplicado apenas em núcleos, documentos e materiais previamente aprovados pelas Representações Estaduais respeitando os princípios aqui descritos e somente em atividades que estiverem dentro dos critérios do movimento.
            16. As representante Regional e do colegiado Nacional deveram conhecer e seguir o documento norteador.
                        As situações não previstas nesta Carta de Princípios de que possam implicar em decisões pertinentes aos rumos do Movimento, deverão ser analisadas e avaliadas pelo Colegiado das Lideranças Nacionais que deverá decidir, emergencialmente, até a realização do próximo Encontro Nacional, ocasião em que a decisão será levada à plenária para votação e chancela.
            O novo teor da Carta de Princípios do MNCP BRASIL, foi lido, discutido e votado durante o VI Encontro Nacional do movimento, realizado em Campo Grande- Mato Grosso do Sul, e entra em vigor nesta data, como elemento norteador da atuação das participantes do movimento, devendo por todas ser respeitado.
 
            Campo Grande, 28 de novembro de 2014.
Plenária do VI Encontro Nacional das Cidadãs Posithivas.