FANTÁSTICO - 09/01/11;
Mulher casa virgem e contrai HIV na primeira
relação;
A contaminação está cada vez maior entre as pessoas com mais de
50 anos, principalmente as mulheres. O comportamento de risco é
caracterizado pela relação sexual sem
preservativo. Trinta anos depois do surgimento
da Aids, a cara da doença mudou. Antigamente, existiam os chamados
grupos de risco, como os homossexuais masculinos e os usuários de drogas
injetáveis. Hoje, como mostra o doutor Drauzio Varella, o que
existe é comportamento de risco. Tanto é que a contaminação está cada
vez maior entre as pessoas com mais de 50 anos, principalmente as
mulheres.
“Eu casei aos 18 anos. Era uma estudante, uma pessoa
feliz. Uma adolescente que vivia dentro dos parâmetros de Deus, porque
eu fui criada na igreja”, conta a voluntária do grupo Pela Vidda
Mara; Moreira, que vive em Itaguaí, município do Rio de Janeiro.
É evangélica e segue os preceitos da igreja. Para ela, sexo só
no casamento. “Um dia eu estava indo para Campo Grande.
Outro dia, estava indo para Cuiabá. Então, eu não tinha raiz em parte
alguma”, revela o caminhoneiro aposentado Nestor Ramiro de Assis, que
levava a vida de um jeito bem diferente. Quando se separou da esposa,
aproveitou a liberdade da estrada.
No início, a Aids foi
chamada de peste gay. Depois, surgiu o conceito de grupos de risco:
homens homossexuais, usuários de drogas injetáveis e mulheres com muitos
parceiros. Enquanto isso, em silêncio, o vírus se espalhava entre homens
e mulheres que não faziam parte desses grupos.“As
mulheres dos postos acham que todos os motoristas têm dinheiro. Então,
você não pode dormir na cabine dos postos porque elas ficam batendo no
vidro da janela, convidando para fazermos amor”, conta o caminhoneiro
aposentado.
Hoje nós sabemos que não há grupos de risco. O que
existe é ocomportamento de risco. O comportamento de risco é
caracterizado pela relação sexual sem preservativo. Segundo o Ministério
da Saúde, os casos de Aids aumentam no grupo de mulheres casadas e nas
pessoas
acima dos 50 anos de idade. Maria Filomena
Cenicchiaro, diretora do ambulatório do Centro de
Referência do
Tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis de São Paulo, confirma
que os dados estão de acordo com os testes realizados no ambulatório.
“Essa população não procura muito os centros de teste. Quando elas
procuram é porque descobriram que o parceiro ou a parceira
já está
desenvolvendo a Aids. Aí, vai fazer o teste e normalmente tem
um
resultado positivo”, diz.
“Apesar de ter casado virgem, eu não
usava camisinha. Como método contraceptivo, eu usava pílula. Eu não
queria engravidar porque estava estudando e tinha acabado de me casar”,
lembra Mara Moreira. Ela conta que achava que estava fora dos grupos de
risco, mas a Aids estava mais próxima do que ela esperava. “Três meses
depois de casar, meu esposo ficou muito doente. Foi feito o exame. Ele
era positivo para o HIV e não sabia Três meses depois veio o meu
resultado, também positivo”.
“No início de 1986, nós tínhamos
uma mulher com Aids para quinze homens. Hoje, temos dez mulheres para
quinze homens. Quando pegamos o corte de 13 a 19 anos, é o contrário:
para cada dez meninas oito meninos”, revela o ex-ministro da Saúde José
Gomes Temporão.“Eu não tinha conhecimento nenhum de como se
pegava o HIV. Eu não tinha informação nem se podia lavar a roupa junto
na mesma máquina, se podia compartilhar o prato, a colher”, conta Mara
Moreira.Você só pega Aids se fizer sexo com penetração sem
camisinha ou se; usar seringas e agulhas contaminadas pelo
vírus. “A gente ficava 90 dias fora viajando e ao menos aos
sábados tinha que acontecer alguma coisa, quando não era no meio da
semana. Então, umas duas por semana dava. Foram 17 anos assim”, conta
Nestor Ramiro de Assis, de 72 anos. Na geração dele, ninguém se
preocupava com a Aids. Diziam até que usar camisinha era como chupar
bala sem tira o papel. Eles pensavam que homens que só mantinha relações
sexuais com mulheres não corriam risco de pegar a doença. Estavam
enganados. “Foi assim que eu adquiri o HIV. Não me interessa
saber de quem foi que eu peguei, porque eu não vou saber mesmo. O
culpado sou eu, mais ninguém”, diz Nestor Ramiro de
Assis.
“Nós temos toda uma conversa para mostrar que o estímulo
não é no pênis, nem na região genital. Primeiro, é na cabeça. É só
beijar e pronto, o estímulo já foi acionado, já houve uma ereção. Tem
que aproveitar a ereção e colocar a camisinha nesse momento”,
orienta Maria Filomena Cenicchiaro.
“As pessoas não
estão tendo consciência”, comenta uma mulher.“Na verdade, quase
ninguém usa”, completa um homem. Fizemos alguns avanços:
acabamos com a transmissão do HIV por transfusão de sangue, reduzimos
muito a de mãe para filho e por drogas injetáveis. Hoje, a principal
forma de transmissão é a relação sexual sem preservativo. Infelizmente,
o uso de camisinha vem diminuindo entre mulheres e homens de qualquer
idade, tanto nos relacionamentos
estáveis quanto naqueles mais
casuais.
Através do sexo, o vírus da Aids passa de um homem para
outro homem do homem para mulher e da mulher para o homem. Passa, sim,
da mulher para o homem. “Nunca passou pela minha cabeça
que eu pudesse pegar o vírus da Aids; Na periferia de Ponta
Grossa, no Paraná, funciona a ONG Reviver, que atende as famílias dos
portadores do vírus da Aids. Nestor Ramiro de Assis é motorista e uma
espécie de faz-tudo na instituição.
“A chegada do Nestor à
instituição foi uma surpresa e um presente. Os
trabalhos estavam
começando em Ponta Grossa, uma região bem fechada para isso, e não
tínhamos motorista. Ainda havia muito preconceito.
Ele chegou, se dispôs
a ser motorista e fez disso uma missão de vida”, lembra Cláudia Maria
Hey Silva, da ONG Reviver.
“Se perguntarem para mim um dia por
que eu faço esse serviço eu vou dizer que não sei. Eu faço porque gosto,
não espero recompensa de ninguém. Eu nunca pensei em ajudar os outros
para ir para o céu”, garante Nestor Ramiro de Assis.
“Os
coroas e as coroas estão fazendo mais sexo desprotegidos. Percebemos o
aumento da incidência em mulheres acima de 50 anos. É uma nova dinâmica,
são novos desafios. Temos que estar preparados paraenfrentá-los”, diz
José Gomes Temporão.
Depois do choque de descobrir que tinha o
vírus da Aids, Mara e Nestor reagiram. E, graças ao tratamento
antiviral, a vida deles melhorou. Mas todo cuidado é pouco. Sem tomar os
remédios todos os dias, os portadores do HIV ficam sujeitos a infecções
e voltam a correr riscos.
No próximo domingo (16), você vai
conhecer pessoas que estão em tratamento e o impacto que ele provocou em
suas vidas. “Hoje, quando uma pessoa estranha me pergunta se eu
tenho HIV, respondo que sim e pergunto: ‘e você?’”, finaliza Nestor
Ramiro de Assis.
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FANTÁSTICO
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Este Blog está sendo direcionado as mulheres vivendo e convivendo com HIV e Aids, pesquisadores, estudantes, familiares, amigos e parceiros,......
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